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domingo, 9 de setembro de 2012

É tempo de ouvir a voz da rua!


«O que está a mudar Portugal é que se está a dar uma enorme deslocação de recursos entre classes e grupos sociais,uns ganhando, outros perdendo». A frase não pertence a nenhum perigoso activista de extrema-esquerda mas foi escrita por Pacheco Pereira, arauto do liberalismo que reforçou a sua notoriedade após a acérrima defesa da invasão do Iraque pelos EUA. A análise do militante social-democrata, sistematicamente validada pela acção do Governo Coelho/Portas, conheceu mais uma dramática confirmação esta sexta-feira aquando da comunicação ao país de mais austeridade. O Governo dirige agora o seu ataque aos trabalhadores do sector privado, acenando com o corte de um salário e mantendo-se a supressão de dois salários para funcionários públicos e pensionistas. Passos Coelho “esqueceu-se” de esclarecer qual o tempo de vigência das decisões mas fonte do Governo admitiu, sob anonimato, que elas terão carácter permanente. As medidas dirigidas aos trabalhadores do sector privado, materializadas através de um aumento da contribuição dos empregados (de 11 para 18%.) e a descida das contribuições devidas pelas empresas (23,75% para 18%) são justificadas pelo Governo com a necessidade de estimular as empresas à criação de empregos. Só uma crença cega na ideologia e nos ditames da troika pode explicar a escolha deste caminho, condenado ao fracasso tendo em conta a mais que previsível retracção do consumo e da actividade económica. Ou então, o primeiro-ministro agita hipocritamente a bandeira do combate ao desemprego, sempre à custa dos trabalhadores ainda empregados, ao mesmo tempo que cumpre, de forma eloquente, o enunciado de Pacheco Pereira. Trata-se de mais um rude golpe nos rendimentos de uma grande maioria dos assalariados portugueses, cujos contornos são conhecidos no momento em que se torna evidente o falhanço do Governo no cumprimento dos 4,5% de défice orçamental previstos para 2012, meta em nome da qual foi aumentado o IVA e cortados os 13º e o 14º meses à função pública. Por outro lado, começa a ruir o consenso fabricado nos media em torno da alegada inevitabilidade da austeridade (ver aqui, aqui e aqui). Por tudo isto é chegado o tempo deouvir a voz da rua!

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