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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

No Blog às quartas...

Após uma pausa de uma semana vai-se dar continuidade às entrevistas para nos darem uma visão da sociedade em que vivemos dos mais diversos quadrantes da sociedade. A segunda personalidade entrevistada é a Ana ,ela é empregada de uma instituição bancária.

C-R - Os lucros da Banca continuam em alta. Isso contribui para melhorar as vossas condições de trabalho?

As condições físicas de trabalho, neste momento, para mim não são más, houve obras e as coisas melhoram 200%. Embora durante 8 anos tenha trabalhado num local com condições péssimas. Mas também posso dizer que se deveu essencialmente à falta de empenho do responsável pelo departamento onde estava inserida (embora estivéssemos constantemente a chamar a atenção para a situação insustentável), pois assim que a pessoa saiu e foi substituída por outro as obras aparecerem e tudo melhorou Mas estou a falar única e exclusivamente do meu espaço físico, não faço ideia do dos meus colegas.


C-R - Quais foram as alterações mais significativas que observaste durante e após a falência da Lehman Brothers?

Uma maior preocupação em termos de "gerir dinheiro" uma vez que praticamente todas as instituições investem noutras instituições, tanto para se "ajudarem" (com retornos específicos, lógico) como para se valorizarem. O que não implica que se continue a fazer algumas coisas que não são do agrado de muitos.

C-R - Qual a tua opinião a respeito dos planos de austeridade da troika?

O raio da troika bem podia ter sido um pouco mais branda :) Falando a sério, todos nós sabíamos que a partir do momento em que solicitássemos ajuda externa teríamos de fazer e cumprir o que eles nos propusessem. Implicando isso tudo o que dai adviesse. E neste caso as coisas não estão a ser fáceis, e se segundo o que dizem os nossos governantes o pior ainda não apareceu, então não sei sinceramente onde vamos parar. A única coisa que sei é que os "pequenos" são sempre os que pagam por tudo.
Se eles analisaram as contas e chegaram à conclusão que não podem ser mais brandos, não os posso censurar, só oiço falar em milhões € em buracos de instituições publicas, em autarquias, etc, etc, etc, mas no fundo quando se vai ver bem, essa mesmas pessoas que gerem essas instituições, autarquias, etc, etc, etc, ganham ordenados que fazem corar um cidadão comum.Mas que a austeridade está a ser complicada lá isso está.

C-R - A crise fez-se sentir no teu local de trabalho? Se sim, como, se não, porque não?

Faz-se sentir no sentido de não haver aumentos salariais, e as progressões na carreira estarem a diminuir.

C-R - A Banca precisa de ser recapitalizada? Porquê?

Ser recapitalizada...... a banca precisa de dinheiro, nisso todos temos percepção.Existe graves problemas de capital mal parado e não só, provocando rombos graves nas contas gerais. Neste momento as coisas não estão fáceis, há muita coisa em jogo, nomeadamente a provável insolvência de alguns bancos (isto é uma opinião minha, nada de concreto, somente uma sensação) e se isso começar a acontecer, é o salve-se quem puder... por isso... recapitalizada... sim, talvez necessite sim, mas recapitalizada com contra peso e medida, para se evitar os descalabros que vão aparecendo agora ao de cima devido a anos e anos de livre arbítrio

C-R - Agradecíamos um comentário ao famoso caso BPN.

Em relação a este ponto, tenho uma visão muito peculiar e quando a exponho nem sempre é bem compreendida. Se a analisar fria única e exclusivamente ao que veio para a imprensa, sou, como muitos, da opinião de que não deveríamos ter sido nós todos a pagar por uma coisa que não fizemos nem contribuímos para aquele buraco enorme e gravíssimo e pelo que se vê vai passar impune perante a justiça. Mas analisando como empregada de instituições de crédito (e ainda por cima na altura tinha acabado de regressar dos EUA onde todos os dias bancos fechavam portas sem grandes explicações, simplesmente porque deixavam de fazer face às suas responsabilidades e milhares de pessoas ficavam sem nada de nada após uma vida inteira de trabalho), se não se tivesse intervencionado o BPN toda a banca teria sofrido um colapso colectivo devido ao que estava a acontecer nos EUA, não creio que com o fecho do BPN, a banca se tivesse aguentado aberta e acredita que bancos pequenos e grandes teriam fechado portas devido ao medo generalizado do comum dos cidadãos. Asseguro-te que houve alguns pequenos "incidentes" bancários devido a esse pânico. Foi e é uma situação complexa e difícil de analisar.

C-R - Como vês a actual democracia?

Depende do que se chama democracia, se democracia é as pessoas serem "livres" para votar, então a democracia actual funciona, se a democracia é fazermos o que nos impõem lá de fora, então não existe democracia nenhuma.

C-R - Chegamos ao fim desta entrevista, o "contra-reaccionário" agradece à Ana a disponibilidade para nos conceder esta entrevista e deseja-lhe a maior sorte para o seu futuro. Para a semana traremos outra entrevista focada nos temas da actualidade da perspectiva de outra profissão.

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